Leitura: João 18:12-14
Apesar de Jesus pregar publicamente, nunca as autoridades conseguiram prendê-lo. Não faltou ocasião, pois neste mesmo evangelho de João, nos capítulos 8 e 10, os judeus tentam apedrejá-lo sem conseguirem. Ainda não era chegada sua hora. A morte de Jesus estava nos planos eternos de Deus, por isso ela só poderia ocorrer quando Deus assim determinasse.
Agora Jesus se deixa amarrar e ser levado a Anás, que tinha sido sacerdote no ano anterior. Primeiro Jesus deve passar pelo julgamento das autoridades religiosas, e só depois ser entregue à autoridade civil. Por estarem sob o domínio romano, os judeus não têm poder para condenar alguém à morte.
É interessante este detalhe, pois séculos antes havia sido profetizado que o Messias de Israel seria crucificado conforme o costume romano, e não apedrejado, que era a execução imposta pela lei judaica. Portanto era preciso que a nação de Israel estivesse na condição em que está aqui, sujeita a um invasor gentio, para que as profecias da morte de Jesus se cumprissem.
No Salmo 22 você encontra: "Traspassaram -- isto é, perfuraram ou atravessaram -- minhas mãos e meus pés" (Sl 22:16). O profeta Zacarias previu: "Olharão para mim, aquele a quem traspassaram" (Zc 12:10). Isaías profetizou o mesmo, acrescentando ainda a razão de sua morte: "Ele foi traspassado por causa das nossas transgressões" (Is 13:5).
Em sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo lembra uma citação do capítulo 21 de Deuteronômio que diz: "Qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus" (Dt 21:22, 23). Mas como Jesus, na cruz, poderia ser amaldiçoado por Deus? Por ter sido feito pecado ali por nós. Deus não podia ter qualquer ligação com o pecado, portanto não só o abandonou na cruz, como também o considerou maldito e lançou sobre ele o fogo do juízo contra o pecado.
O que Jesus sofreu nas mãos dos homens não difere muito da tortura que muitos prisioneiros receberam ao longo da história. Mas o que ele sofreu nas mãos de Deus é inigualável; é a soma de todos os medos que aterrorizam cada pecador que terá de se apresentar diante de Deus com seus pecados para receber o juízo. Em Jesus esse terror, sofrimento e dor foram multiplicados pelo pecado do mundo e dos que seriam salvos por ele, e elevados à enésima potência da eternidade.
Mal sabiam os juízes Anás, Caifás e Pilatos que Jesus estava prestes a ser julgado com maior rigor e severidade pelo próprio Deus. E tampouco poderiam eles imaginar que aquele réu, fraco e humilde, voltaria como Juiz, para julgá-los e a todos os que não tiveram seus pecados pagos por Jesus na cruz.
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